Luiz Carlos Prates
A questão é o que é viver bem... Quem é que tem no bolso a resposta? Muitos pensam que tendo o que desejam serão felizes, vão viver bem. Outros já têm tudo, tudo que o dinheiro pode comprar, e vivem atolados em suspiros de frustração. Já foi dito que sentir-se bem, sinônimo de viver bem, independe de outras pessoas, de lugares ou condições específicas. Difícil discordar. A grande questão é que somos bichos sociais, bichos, eu disse. Precisamos de alguém por perto, de um modo ou de outro, tanto alguém para amar quanto alguém de quem dispor na hora do chimarrão da vida... Suspiramos, frequentemente, para estar ou viver em outro lugar, como se viver num outro lugar mudasse prontamente nosso modo de viver, eliminasse nossas angústias habituais. Nada mais equivocado pensar assim. Não existe o lá em nossas vidas, só o que existe é o aqui e agora. Quem vai “pra lá” para ser feliz ou muda seu jeito de ser ou vai continuar na mesma. Não são os lugares que nos mudam, somos nós, ainda que pensemos que foi o lugar. Condições específicas para ser feliz? Quem partir dessa proposta vai patinar e não vai chegar à felicidade, e pela singela razão de que essa felicidade está no condicional, no condicional de precisarmos de alguma coisa para nos sentir bem. Vou dizer uma frase que me deixa ruborizado de tão velha e óbvia: - “Sentir-se bem é algo que ou vem de dentro de nós, sem condicionamentos, ou babaus, impossível viver esse bem...”! Uma corda em nosso pescoço é o passado. Quantos e quantos de nós vivemos com essa corda? E sempre pensando dos bens de que gozamos e hoje não gozamos mais. E adianta essa corda no pescoço? Adão já dizia isso a Eva – “Guria, pare de pensar no passado, não adianta nada”! Tempo perdido, o passado continua nos fazendo cócegas com as lembranças dos bons momentos, do que tínhamos e não queríamos perder. Os sonhos para o futuro podem nos gerar inseguranças, mas as amarras ao passado nos fazem viver uma azia bem amarga. Se a nossa “identidade” não estivesse alicerçada sobre o nosso passado, seria uma felicidade ter um apagão mnemônico, lúcido para o presente e “apagado” para o passado. Seria a escada rolante para viver bem.
Crenças
Num artigo de um jornal paulista, um escritor, ateu, pergunta: - “Existe futuro para a prática religiosa experimentada individualmente e sem uma igreja?”. Creio que sim. Podemos rezar sem ter uma “divindade” diante dos olhos da mente, podemos fazer uma meditação ética, moralmente muito saudável e... Seremos “ouvidos” pela energia elevatória do Universo. Essa energia é a essência da ética da vida e da “salvação”. Sem igreja nem pregadores...
Grossura
Fui cercado por muita “grossura” na infância. Talvez a palavra melhor seja ignorância, afinal, penso que grossura e ignorância são primas. Cresci ouvindo dizer que – “O que não mata, engorda”. Pode uma insanidade dessas? Mas muita gente diz isso ainda hoje. Melhor é que ouçam a voz eterna de Hipócrates, o pai da medicina ocidental: - “Que o teu alimento seja o teu medicamento”. Claro que na época de Hipócrates não havia os agrotóxicos...
Falta Dizer
Sábios milenares disseram que - “Não possuir algumas das coisas que desejamos é parte indispensável da felicidade”. Mas é oportuno lembrar que é preciso boa cabeça para ter essa vivência. A maioria vive nos suspiros do – no dia em que eu tiver aquilo serei feliz... E nesse caso, a felicidade não é deste mundo. Paspalhos!
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