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Me perguntaram se eu sou gaúcho...assim começa uma das músicas mais famosas de Teixeirinha, o “Gaúcho de Passo Fundo”. Se alguém me perguntar se eu sou gaúcho minha resposta é: corre nas minhas veias sangue dos pioneiros que colonizaram o Rio Grande do Sul. Matheus Simões Pires (1724/1819) embarcou na Ilha de São Miguel na Terceira Ilha (Açores) em 1783 e chegou a Ilha do Desterro (Florianópolis) alguns meses depois junto com sua irmã. A colonização portuguesa só chegava até Laguna e a Coroa Portuguesa queria ocupar uma extensa área onde hoje é o Rio Grande do Sul. Lá na costa do Rio Uruguai estava os Sete Povos das Missões fundados pelos Jesuítas vindos do Paraguai.
Meu parente número 1 e sua irmã passaram pelo acampamento de colonos açorianos onde hoje é a cidade de Rio Grande e foram até a Colônia do Santíssimo Sacramento, um enclave fundada por portugueses na foz do Rio da Prata, do outro lado de Buenos Aires, então sob domínio espanhol. Matheus Simões Pires deixou Sacramento (hoje cidade uruguaia) ela foi invadida pelo exército espanhol. A irmã casou e ficou em Sacramento. Ele retornou até Rio Grande, onde casou com uma filha de nobres portugueses/açorianos em 1757. Logo após foi participar da colonização de Rio Pardo. Ficou muito rico comercializando com o Forte Militar que deu origem àquela cidade. Viajava para Sacramento e Rio de Janeiro trazendo produtos e mercadorias para vender para os soldados. Antes de falecer em 1817 era um homem muito rico, fortuna que seu único filho homem Antônio ajudou a ampliá-la comprando léguas de terras também na região de São Sepé. Mateus Simões Pires tem uma biografia que testemunha a povoação do Rio Grande do Sul. Seus descendentes se dispersaram com o tempo em fazendas entre São Sepé, Bagé e Uruguaiana.
O filho Antônio era o avô do Coronel Manoel Veríssimo Simões Pires, que vem a ser pai de minha avó Glória Maria Simões Pires Motta, nascida em Formigueiro. Mateus Simões Pires tem uma biografia que testemunha a povoação do Rio Grande do Sul. Seus descendentes se dispersaram com o tempo em fazendas entre São Sepé, Bagé e Uruguaiana.
Umas das maiores avenidas de São Sepé tem o nome de “Av. Coronel Veríssimo Simões Pires”. Em Formigueiro tem outra avenida em sua homenagem. Ele era filho do capitão de Dragões Joaquim Simões Pires e herdou a vocação militar. Lutou na Guerra contra o Uruguai e meses depois (em consequência dela) na Guerra do Paraguai. Por décadas foi o maior estancieiro da região porque tinha as fazendas do Marco, Boqueirão, Tapera, Tupanci e do Verde.
A história de São Sepé registra que na Revolução Federalista de 1893 comandou 600 homens – armados e alimentados por ele. Decepcionado por assistir “gaúchos matando gaúchos” abandonou a batalha e voltou para sua estância no Boqueirão, interior de São Sepé.
Conheceu uma adolescente chamada Joana quando foi vender uma tropa de gado para um frigorífico em Uruguaiana. Viúvo dividiu todas as suas terras para os 16 filhos de São Sepé e comprou uma extensa área em formigueiro, onde foi morar com a sua Joana. Tiveram 12 filhos, um deles minha avó Glória Maria, a caçula da turma. Quando morreu aos 72 anos deixou os filhos ricos, cada um com sua fazenda. Minha avó se tornou milionária aos três anos.
A família de minha mãe é descendente de alemães. João Luiz Lorentz chegou a Formigueiro em 1876 junto com outras famílias de imigrantes. Sobre o Lorentz 01 há poucas informações e as mais confiáveis revelam que ele era instrutor do exército português quando a Família Real se transferiu para o Brasil fugindo de Napoleão, lá por 1807/1808. Ele seria alemão da Pomerânia, na época sob o domínio do Reino da Prússia. Não há informação sobre a cidade de origem da família. Quando estive em Gdansk (importante porto da Polônia, antes chamada de Danzig quando era da Alemanha/Prússia) em 2010 observei muitos sobrenomes Lorentz. Gdansk está no território da antiga Pomerânia.
Com vitória de Napoleão sobre a Prússia ele teria sido contratado pela Coroa Portuguesa como mercenário e depois instrutor. Decidiu voltar para Portugal e teria incentivado um de seus filhos a emigrar para o Brasil. Ainda segundo a história oral ele não fez o mesmo porque já estava debilitado. Um de seus bisnetos foi João Pedro Lorentz, pai do meu avô João Luiz Lorentz.
Sou gaúcho de quatro costados, mas Cidadão Honorário de Joinville, minha cidade há mais de 40 anos. Sou Luiz Veríssimo Pires Motta Filho.
Não sou gaúcho, mas vivi parte de minha adolescência em Bento Gonçalves. Tenho um imenso respeito pela cultura do Rio Grande do Sul.