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Startups: sonhos, dramas e pesadelos

Atualizado: 15 de dez. de 2022

Disrupção: Tudo com Raphael Rocha Lopes



“♫ I wanted to be a space man/ That's what I wanted to be/ But now that I am a space man/ Nobody cares about me” (Spaceman, Harry Nilsson).


Embora a expressão startup já seja usada desde os anos 1970, nos últimos vinte ganhou relevância no vocabulário corporativo e social. Startup, que se origina de começar, iniciar, em inglês, refere-se aos empreendimentos que estão começando, com modelo de negócio inovador e escalável, ou seja, que possa multiplicar em grande escala seus produtos ou serviços.


Longe do senso comum de que startups são para jovens, proporcionalmente aquelas que têm dado mais resultados foram formadas por pessoas entre 40 e 45 anos. São diversas as razões para que os “experientes” tenham mais sucesso em negócios inovadores. Por outro lado, é inquestionável que os jovens, com seu ímpeto, vontade e ideias, são os grandes entusiastas, em volume, na criação das startups. E, aí, algumas coisas podem sair do controle.


Os sonhos


Quem cria uma startup, assuma ou não, sonha em vê-la transformada em unicórnio, que, na linguagem corporativa inovadora, significa que o empreendimento passa a valer US$ 1 bilhão. EUA e China são os campeões de startups unicórnios, mas o Brasil tem um número razoável desse raro animalzinho. Mas há um zoológico nesse reino das startups: zebras, camelos, dragões, entre outros.

Apesar de entendimentos diferentes sobre seus significados, vou resumir as zebras como aquelas startups que trabalham muito mais com a cooperação e coletividade com outras empresas; os camelos como as que priorizam sua sobrevivência tentando equilibrar de forma planejada e sustentável seu crescimento; e os dragões como os conhecidos por sua agressividade de estratégias e rapidez de crescimento.


Os dramas


As startups ganharam extrema relevância econômica e social. Entretanto, muitas vezes, na empolgação de colocar as ideias em práticas, seus sócios, informalmente e sem muito planejamento, lançam o foguete. E duas metáforas são muito comuns nesse meio: “foguete não dá ré”, ou seja, começou só vai para frente (apesar de Elon Musk ter esvaziado esse paradigma com seus projetos espaciais); e “foguete a gente conserta durante o voo”, isto é, as adaptações necessárias vão sendo feitas durantes a jornada (todo mundo já viu alguma história sobre problemas nos voos especiais de verdade). Em tempo: foguete é o símbolo mais comum para as startups.


Contudo, a mistura da empolgação com falta de planejamento pode ser um coquetel explosivo e perigoso. A mortandade de pequenos negócios, especialmente no Brasil, é extremamente alta. Indicadores apontam que 20% morrem no primeiro ano e esse número cresce para 1/3 no segundo ano (há variações conforme segmento e região).


Os pesadelos


Não é incomum, pelo menos para os consultores jurídicos e de gestão que atuam nessa área, ver sonhos transformados em pesadelos por conta do coquetel acima comentado.

Afora eventuais endividamentos, o maior dos pesados dos sócios das startups é a falta de clareza em relação às responsabilidades e obrigações de cada um dos envolvidos desde o início do negócio. Na ausência desta transparência, depois da empolgação inicial, quando todos parecem arregaçar as mangas, ou assim que o dinheiro começa a entrar, muitas vezes os sócios têm percepções diferentes do envolvimento e esforço dos outros e do seu próprio. Isso gera conflitos, algumas vezes intransponíveis, e a amizade de longa data pode se transformar num processo judicial de anos.


Por isso, dialogar, planejar, esclarecer e ser bem assessorado por profissionais envolvidos na área (jurídico, contábil, gestão e processos etc.) pode ser o verdadeiro grande passo para um voo do foguete sem muitas turbulências em busca do sucesso!

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