Paulo Figueiredo em audiência no Congresso dos EUA
- Milena C Tomelin
- 25 de jun.
- 3 min de leitura
Paulo Figueiredo expõe Alexandre de Moraes em audiência no Congresso dos EUA

Opinião, informação e política com Milena Tomelin
Na terça-feira (24), em Washington, o jornalista brasileiro Paulo Figueiredo prestou depoimento na Comissão de Direitos Humanos Tom Lantos, do Congresso dos Estados Unidos, durante audiência sobre repressão transnacional.
Há cerca de um ano, ele já havia participado de audiência semelhante, focada em violações de direitos humanos no Brasil — ocasião em que a imagem do ministro Alexandre de Moraes foi exibida em destaque pela deputada republicana Maria Elvira Salazar e viralizou nas redes sociais.
Em sua fala, Paulo Figueiredo fez graves acusações ao Supremo Tribunal Federal e denunciou o que chamou de perseguição sistemática contra jornalistas, parlamentares e até empresas americanas, liderada por Moraes.
- “Gostaria de começar com a repressão transnacional iniciada em 2019, quando autoridades brasileiras decretaram minha prisão preventiva em um caso altamente politizado envolvendo o então presidente Donald Trump. Embora eu já residisse legalmente nos Estados Unidos, o Brasil me incluiu na lista vermelha da Interpol, o que levou ao cancelamento do meu visto de jornalista,” declarou.
Ele relatou ter sido detido por 17 dias no Centro de Detenção de Trump, mesmo em um processo que posteriormente foi arquivado pelo Brasil. Segundo Figueiredo, os custos com sua defesa ultrapassaram um milhão de dólares.
- “Em 2022, o ministro Alexandre de Moraes, hoje no Brasil disfarçado de juiz, voltou a me processar por reportagens que denunciam atos ilegais, alegando que eu não posso me defender porque sequer fui formalmente acusado. Não sei nem mesmo se fui reincluído na lista da Interpol,” afirmou.
O jornalista mencionou ainda que sua situação é apenas um exemplo de um padrão mais amplo de perseguição. Citou o caso do também jornalista Álvaro Santos, que permaneceu por mais de dois anos na lista da Interpol até que seu advogado provou a ilegalidade da inclusão.
Figueiredo relatou que Moraes teria o chamado de “pseudojornalista” e “foragido” diretamente a partir do Supremo Tribunal Federal, mesmo ele vivendo publicamente na Flórida há mais de uma década.
O depoimento incluiu ainda denúncias de perseguição a parlamentares eleitos. Segundo Figueiredo: Eduardo Bolsonaro, Carla Zambelli, Felipe Martins e diversos outros.
Figueiredo alertou para possíveis colaborações clandestinas entre autoridades brasileiras e agentes americanos e citou que nem mesmo pessoas comuns estão imunes. A diarista Flávia Magalhães, brasileira-americana, teve prisão decretada por postagens feitas em solo americano criticando o sistema eleitoral do Brasil.
No campo empresarial, o jornalista denunciou que Moraes estaria utilizando ordens judiciais para forçar empresas americanas de tecnologia a colaborar com a repressão. Citou dois casos, o de Chris Pavlovski, CEO da Rumble e o de Elon Musk, CEO da X (ex-Twitter).
Figueiredo denunciou ainda que grandes corporações como Google e Meta vêm cumprindo ordens de Moraes mesmo sem reconhecer sua legitimidade, enquanto pequenas empresas resistem e sofrem represálias.
- “As implicações para a segurança nacional dos Estados Unidos são enormes. Imagine se qualquer juiz estrangeiro pudesse obrigar empresas americanas a entregar dados de cidadãos apenas por criticar governos estrangeiros. Estamos vendo isso acontecer.”
Ele afirmou que o Departamento de Justiça dos EUA enviou uma carta formal ao governo brasileiro em 7 de maio de 2025, advertindo contra a violação da jurisdição americana.
Em tom de alerta, Figueiredo declarou: - “Sem uma ação decisiva dos Estados Unidos, teremos uma Venezuela plenamente funcional no coração da América do Sul. A situação piorou muito desde nosso último alerta.”
Entre os pedidos concretos feitos por Figueiredo à Comissão estão:
1. Recomendação de sanções contra Alexandre de Moraes no prazo de 30 dias, com base na Lei Global Magnitsky;
2. Legislação específica nos EUA contra repressão transnacional;
3. Fim da consideração automática de alertas da Interpol em processos de visto;
4. Pressão sobre a Interpol para revisão de critérios de inclusão;
5. Criação de exceções de asilo para vítimas de perseguição política estrangeira.
- “Quando nossos tribunais permitem que dissidentes sejam silenciados por regimes estrangeiros, estamos diante de um ataque à soberania americana — e à própria democracia,” concluiu.
Seguiremos acompanhando os desdobramentos das denúncias apresentadas pelo jornalista Paulo Figueiredo.
Comentários