Luiz Carlos Prates
Cresci ouvindo reverências aos avôs, aos homens “sérios” e cheios de filhos. Homens do tempo antigo... Só reverências, loas, e elogios a eles, mas... Nenhuma prova. Um vovô que enchia a mulher de filhos não devia ser coisa boa, será que não sabia que um monte de filhos era uma encrenca sem fim para a “esposa”? Esposa coisa nenhuma, “doméstica”. Alguém pode dizer – “Ah, Prates, naquele tempo não havia camisinha, não havia anticoncepcionais, não tinha como evitar os tantos filhos...”! Sem essa. Sempre houve jeitos de evitar filhos, pelo menos evitar a chuvarada de filhos. Minha mãe teve doze irmãs, o gurizinho, o décimo terceiro, chegou, viu aquela fila toda e foi embora logo, não viveu... Doze. Bom, mas o assunto é outro, leitora. É que vinculei o que acabei de reler com as famílias de ontem e de hoje, com os tipos humanos de sempre, especialmente os homens. As Histórias romana e grega sempre me fascinaram. E acabei de repassar os olhos sobre uma das mais antigas histórias “folclóricas” da civilização grega. A história de Diógenes. Diógenes foi um filósofo, um velho louco para muitos, que saía ao meio-dia pelas ruas de Atenas, um baita sol lá em cima, e ele com uma lanterna acesa. Questionado sobre aquela loucura, o porquê da lanterna acesa ao sol do meio-dia, Diógenes, calmo como uma pedra, respondia que estava a procurar por um homem honesto. Um homem, ele dizia. Um. Isso naquela época, época em que para muitos de hoje as pessoas eram mais honestas, mais confiáveis. Isso nunca aconteceu, nunca. – Ah, no tempo do meu avô... Melhor é dar ponto final a essa expressão. E hoje, como estão as coisas? – Ah, hoje, Diógenes iria enlouquecer, precisaria de muitas lanternas, bah, precisaria de um gerador para abastecer as tantas lanternas de que precisaria para achar um homem honesto. E por onde ele começaria? Pelos legislativos? Pelo judiciário? Pelo executivo? Ou seria por primeiro nas famílias? Um trabalho árduo o velho Diógenes teria. – Ah, espere, a palavra “velho” ainda não é capacitismo? Se Diógenes voltasse, coitado, iria perguntar onde fica o hospício mais perto. Hospício ou um presídio enorme de que ele precisaria para justificar a lanterna. Uma lanterna é pouco para achar um homem honesto, Diógenes!
História
Se hoje os “bacanas”, os do poder e os ordinários de todas as laias fazem o que fazem o que não teriam feito no passado de nossa História? O que não devem ter feito! Não havia celulares, câmeras, gravadores, não havia grampos telefônicos, nada... Imagine o que eles não faziam, e faziam na certeza da total impunidade. Só os muito ingênuos para acreditar nos bacanas, nos dos poderes, sendo honestos sem testemunhas por perto...
Garantias
Não há garantia de nada nesta vida, a única “garantia” é o ponto final... Mas enquanto o relógio não dá a pancada final, no que uma pessoa se pode e deve garantir? Tem que haver essa “garantia” em alguma coisa. Nos afetos, na ética pessoal, em seu trabalho? É bom que alicercemos uma garantia, uma possível certeza sobre algo, e o mais imediato possível é o trabalho. Depende de nós e é um casamento para a felicidade, o trabalho…
Falta dizer
Todos os dias vemos num telejornal algum canalha negando-se a falar, dando-se o direito de ficar no silêncio. O povinho ingênuo precisa saber que quando alguém acusado de um crime, de vários crimes, fica em silêncio ele é culpado. Ferro nesses “outrora” lesadores da Pátria. Inocentes não ficam calados.
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