O Amor que Nunca Descansa

Tome Nota com Enio Alexandre

Até os 82 anos de idade dona Elite cuidou de Alexandre com todo carinho

No Dia Internacional da Mulher, as homenagens se multiplicam. Flores, discursos, lembranças de grandes conquistas. Mas há mulheres cujas batalhas diárias não cabem em palavras bonitas ou gestos simbólicos. São aquelas que vivem o amor na forma mais pura: a entrega incondicional.

Dona Elite Anne Eller foi uma dessas mulheres. Por isso faremos uma singela homenagem póstuma. Desde 1979, sua vida teve um único propósito: cuidar de Alexandro, seu filho especial, que, por conta de um quadro severo de meningite, desenvolveu autismo nível 4.

Ele nunca pôde caminhar sozinho pelo mundo, mas, sob o olhar atento da mãe, encontrou abrigo e afeto. Até os 82 anos, Dona Elite zelou por cada detalhe da vida de Alexandro – alimentá-lo, banhá-lo, assegurar que estivesse confortável e protegido. Para ela, não havia finais de semana de descanso ou viagens sem preocupações. Qualquer pequena distância entre ela e o filho significava angústia. Como descansar sabendo que ele dependia completamente de suas mãos e de seu amor?

Atualmente cabe à irmã Aparecida cuidar de Alexandro

O tempo, no entanto, não perdoa. Em 2022, Dona Elite partiu, deixando para trás um legado de dedicação. Hoje, a missão segue com sua filha, Aparecida Eller Krobel, moradora do bairro Iririú, em Joinville, que assumiu o cuidado do irmão com a mesma ternura e firmeza da mãe. A rotina segue exigente. O acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) é insuficiente, e muitas mulheres como Dona Elite e Aparecida precisam se reinventar, tornando-se microempreendedoras para garantir o sustento e a dignidade de suas famílias.

Nesta data em que celebramos a força feminina é essencial lembrar dessas guerreiras silenciosas. Mães atípicas, cuidadoras incansáveis, mulheres que vivem entre a exaustão e o amor. Que as histórias de Dona Elite e Aparecida sirvam como homenagem a todas mulheres que dedicam suas vidas ao cuidado de quem mais precisa. Porque ser mulher, muitas vezes, é isso: amar sem descanso.