Luiz Carlos Prates
Estava pronto para iniciar a conversa de hoje e de repente levei um empurrão para acordar. Esse empurrão me foi dado por uma manchete do jornalismo diário. A verdade é sim um “empurrão”, um empurrão para acordarmos. Aliás, o assunto já estava numa das minhas gavetas, guardei-o para usar mais tarde e acabei esquecendo. Dia destes foi comemorado o Dia dos Solteiros. Se ainda me lembro, o Dia dos Solteiros é dia 15 de agosto. Mas quem mesmo sabe disso? Uma bobagem inventada, como sempre, por gente desocupada. O que me fez guardar o jornal foi esta manchete: - “Os estigmas que ainda cercam as mulheres solteiras”. Essa manchete me fez tirar os sapatos. Por que estigmas com mulheres solteiras? Por que não estigmas com os machinhos solteiros? – Ah, o rapaz quando vai ficando, ficando, ficando sem casar é um espertalhão, dizem os idiotas, ele não se deixou cair nas redes de uma mulher... Esperto? E por que as mulheres solteiras, as que decidem por não casar e não ter filhos são “comentadas”? Ora, porque mulher, dizem os levianos, tem que casar, tornar-se esposa, mãe e dona de casa. Se seguir esse trilho do convencional, ah, essa mulher teve “sorte”. E as que não casam? Ah, essas são titias, solteironas, encalhadas, dizem os vagabundos. E muitas mulheres dizem isso de outras mulheres. São, bem provável, as que nunca ouviram dizer que é bem melhor sozinha do que mal-acompanhada. Esse assunto me incomoda porque ele tinha que ser assunto em casa, nas famílias, o papaizinho e a mamãezinha tinham que conversar com as filhas, as guriazinhas, desde o nascimento. Qual nada! Educam as meninas para… Depois de crescidinhas darem um jeito, arrumarem um namoradinho, mas de “boa família”, isto é, com dinheiro, e com ele casarem. – Ah, Prates, mas isso é o que tu pensas! Sem tentativas de tapar o sol com a peneira, estou apenas reproduzindo o que todos vemos todos os dias. Exceções? Claro que existem, mas infelizmente são exceções. Já falei aqui, dia destes morreu a inesquecível Aracy Balabanian, atriz famosa de novelas na televisão. Muito falaram mais dela como “solteira”, não ter casado nem deixado filhos, do que da atriz que foi. Como se isso não fosse apenas detalhes “eventuais” na vida das mulheres. Perdão, quis dizer das Mulheres, com “m” maiúsculo.
Imagens
Nada pior que a “moda” resultante da desatenção, da ignorância. Há pouco, na GloboNews, uma jovem repórter apareceu no vídeo bem vestidinha, contando uma notícia, isso e aquilo, mas... O braço todo riscado, desenhado, ridículo. Negativo. Nada pode chamar mais a atenção das pessoas, no caso dos telespectadores, que a notícia. Os braços da “menina” eram a grande isca das imagens. Depois se queixam da perda de audiência. Pudera!
Produtos
Já disse mil vezes isso aqui... Os produtos nos chamam a atenção nas prateleiras das lojas ou supermercados pela embalagem, antes de tudo, e depois, no consumo, pela qualidade. Um candidato político, atual, argentino, berra, gesticula como um transtornado, gargalha em comícios, em pregações para ganhar votos e... Esquece que ele se revela tanto pela “embalagem” quanto pelo conteúdo das falas e dos gestos. Vale para nós, seja quem for e onde for.
Falta Dizer
Manchete da BBC-News: - “Os métodos anticoncepcionais mais populares entre os jovens”. Entre os jovens não, entre as “gurias”, entre as mulheres. São vários os métodos, todavia, todos ferram com a saúde das mulheres. Vai mudar? Claro que não, os machinhos pensam: - “Problema delas, elas que se danem”! E elas se danam...
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