Liliane da Frada incita o ódio e comemora assassinato de caçadores
- Milena C Tomelin
- 3 de jul.
- 4 min de leitura
Vereadora Liliane da Frada incita o ódio e comemora assassinato de caçadores gerando indignação

Opinião, informação e política com Milena Tomelin
A vereadora Liliane da Frada (PODEMOS) protagonizou um dos episódios mais revoltantes e vergonhosos da história recente da Câmara de Vereadores de Joinville. Durante a Sessão Ordinária do dia 30 de junho de 2025, transmitida ao vivo pelo canal oficial da Casa Legislativa no YouTube, a parlamentar fez um discurso que escancarou despreparo, intolerância, desinformação e um desprezo assustador pelos valores democráticos.
No trecho compreendido entre os minutos 1:03:53 e 1:04:53 do vídeo, Liliane atacou diretamente os praticantes da caça legal, atividade regulamentada por lei, equiparando-os a assassinos cruéis e defendendo, sem rodeios, que fossem "exterminados". Em suas palavras:
“[…] eles são assassinos, não tem outra palavra pra descrever […] acho que é uma praga que tinha que ser exterminada. Esses tempos aí, teve uns caçadores que foram mortos, eu dei parabéns, graças a Deus, tinha mais é que ser caçado mesmo […]”.
A declaração, que por si só já seria chocante e inadmissível, foi seguida por uma reafirmação igualmente grave. Quando questionada pelo vereador Cleiton Profeta (PL) se estaria defendendo assassinato, respondeu sem pestanejar:
“De caçador, sim. Defendo, sim!”
Trata-se de apologia explícita à violência, incitação ao ódio e discurso criminoso, proferido por quem deveria representar os interesses de toda a população com responsabilidade, respeito e razoabilidade. É impossível assistir ao vídeo sem sentir indignação: Liliane não apenas celebra a morte de cidadãos, como os trata como "praga a ser exterminada", usando a tribuna da Câmara para espalhar ódio, preconceito e desinformação. E a irresponsabilidade não parou aí.
No mesmo dia, publicou em sua conta no Instagram (em conjunto com o perfil da Frada Joinville) uma imagem com a frase “só muda a espécie da vítima”, reforçando a absurda comparação entre caçadores e assassinos. Como de costume em discursos covardes, apagou a postagem logo após a avalanche de críticas. Mas o estrago já estava feito. A reação foi imediata e contundente.
Associações armamentistas, clubes de tiro, caçadores e representantes da sociedade civil foram unânimes em repudiar o conteúdo violento, insano e irresponsável da vereadora. A Pro Armas de Santa Catarina, maior associação armamentista da América Latina, e a FECCASC – Federação de Clubes de Tiro e Comércio de Armas de Santa Catarina, emitiram notas de repúdio. Houve denúncia ao Ministério Público, apresentada pelo vereador Mardqueu Silvio França Filho, de Monte Azul Paulista/SP, além de denúncia formal à Câmara de Joinville, feita pelo coordenador regional da Pro Armas/SC, Edivaldo Ferreira, e diversos ofícios solicitando abertura de processo ético-disciplinar.
Diante da pressão, esperava-se no mínimo um pedido de desculpas à altura. Mas o que se viu na sessão do dia 01 de julho de 2025 foi mais um espetáculo de arrogância e escárnio. Numa fala sem nexo e recheada de vaidade política, Liliane declarou:
"Até o Bolsonaro lá no depoimento dele chamou o Xandão pra ser o vice dele, só faltou beijar os pés dele. Certeza que ele beijaria os pés do Lula também, né? Então eu exagerei mesmo...”.
Ou seja: em vez de demonstrar humildade, empatia ou arrependimento real, a vereadora tentou transformar uma fala de ódio em palanque político, debochando da inteligência do público e banalizando a gravidade do que disse.
Na sessão do dia 02 de julho, representantes da comunidade armamentista ocuparam a Câmara de Joinville em um ato firme de repúdio. A presidente da FECCASC, Fabi Venera, fez uso da tribuna para desmentir os absurdos ditos por Liliane, ressaltando o papel essencial da caça legalizada no controle de espécies e no equilíbrio ecológico. Sua fala foi pautada em dados, argumentos técnicos e em defesa da verdade — tudo o que faltou nas declarações da vereadora.
Mas, pasme, leitor: Liliane da Frada sequer teve a decência de comparecer à sessão. Até ontem, não havia apresentado qualquer justificativa oficial para sua ausência, o que escancara sua falta de coragem, responsabilidade e compromisso com o debate público. Após lançar calúnias, incitar violência e gerar revolta nacional, optou pelo silêncio e pelo sumiço, recusando-se a encarar frente a frente os que ofendeu — e, pior, sem demonstrar nenhum sinal de arrependimento ou autocrítica.
Apesar da gravidade da situação, alguns parlamentares se posicionaram com firmeza. Cleiton Profeta, Instrutor Lucas, Adilson Girardi, Willian Tonezi, Brandel Júnior, Lucas Souza e Pastor Ascendino expressaram, de forma clara, seu repúdio à fala da colega. Infelizmente, são vozes de lucidez em meio à omissão generalizada da Casa Legislativa até o momento.
A Câmara de Joinville permanece apática, omissa, passiva. Não abriu procedimento disciplinar, não aplicou sanção, não emitiu nota oficial. E isso nos leva à pergunta que se impõe: quantas manifestações de ódio uma parlamentar precisa cometer para que o Regimento Interno e a Constituição sejam levados a sério nesta Casa?
O Presidente da Casa, Vereador Diego Machado (PSD) informou que está fora da cidade em compromissos oficiais, mas que assim que retornar irá tomar conhecimento dos fatos.
O comportamento de Liliane da Frada não pode — e não deve — ser relativizado. Ao defender abertamente a morte de caçadores, celebrar essas mortes em rede nacional e classificá-los como "praga a ser exterminada", a vereadora ultrapassou todos os limites da ética, da legalidade e da humanidade. Não estamos falando de opinião — estamos falando de discurso de ódio, apologia à violência e quebra explícita de decoro parlamentar.
A sociedade joinvilense, e o Brasil que acompanha o caso, aguardam por uma resposta. E não se trata apenas de punir Liliane, mas de preservar a dignidade do Poder Legislativo, que não pode servir de palco para a barbárie.
Ou a Câmara de Vereadores de Joinville cumpre seu dever e responde com firmeza, ou assume, diante da história, o papel de cúmplice silenciosa de um dos episódios mais vergonhosos da política municipal.
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