A volta de quem nunca foi
Tupy campeã da Primeirona de 2012
Três semanas depois das últimas letrinhas e a pouco menos de um mês de completar um ano na área, estou de volta para algumas considerações. E isso nunca deixarei de fazer. Apontar para onde é preciso de alguma observação e trazer possíveis sugestões. Caso contrário é melhor ir catar coquinhos. Sobre o futebol das periferias, que conheço desde a minha fase ultra interina, muita coisa mudou, algumas para melhor e a maioria para bem pior. Então, que os entendidos e entendedores possam estar a postos e saibam digerir a sopa de letrinhas que vai se seguir.
Futebol de agora como cifras
Até 1978, como também ocorria em Belém no Pará, a Primeirona de Joinville era classificada de “extra de profissionais” por envolver tanto amadores e também quem estava em times profissionais. Até aquela ocasião não havia a necessidade da reversão de categoria. Agora ocorre uma debandada de profissionais para o certame amador e faz com que aqui não tenhamos mais nada de amador. Os clubes querem um troféu e nem se discute ou observa o que isso vai representar em cifras. Todos correm para trazer o troféu e deixam o ambiente respirar esta atmosfera de um clima inteiramente profissional.
Erros da bola escondidos no apito
A arbitragem no Brasil ficou cega depois que o Var foi colocado no jogo. Nos certames sem a tecnologia, o “homem de preto”, que já virou colorido com tantas opções de uniforme, tem que absorver sozinho os seus erros pela ótica dos dirigentes e também jogadores. Pelo profissionalismo que o certame amador adotou, todos que estão a volta do apitador não admitem seus erros. O dirigente não aceita que contratou um jogador apenas pelo nome; o que se diz atleta não considera erro seu o chute desperdiçado ou o pênalti perdido. É tudo culpa de quem apita.
Perder e ganhar longe dos seus propósitos
A rodada do final de semana da Primeirona e das outras duas divisões teve como melhor rescaldo a frase que jurista usa para apontar quando confessa a culpa - “mea culpa, mea máxima culpa”. Enquanto alguns não pouparam críticas pelas faltas que não foram marcadas; o impedimento que tirou a chance da vitória; ou o pênalti que “escandalosamente” foi ignorado. Os árbitros da LJF passam por reciclagens constantes e nunca entram em campo com o propósito deliberado de querer errar. Algumas exceções, vinda de vencedores, apontaram para as boas atuações de alguns árbitros, como Vanderlei Faedo, o Cascavel, e Ivan Preuss.
Idas e vindas com a boa vizinhança
Entre tantas reclamações, algumas exageradas e outras já bem conhecidas e repetidas, a melhor lição considero que veio de um dirigente que teve seu time rebaixado. Nelson Preto Cercal, do Aviação, não apontou erros e nem errados. Só fez menção a boa recepção que teve no Morro do Amaral. É esse futebol que conheci quando criança e agora está cada vez mais distante. É este trânsito livre que times, jogadores, dirigentes e torcedores precisam ter a certeza que encontrarão ao estarem indo para os campos dos adversários.
Um time que se refaz a cada momento
Desde que subiu para a Primeirona em 2012, vindo com o título da Segundona de 2011, a Associação Esportiva Morro do Amaral Futebol Clube tem permanecido na elite do futebol de Joinville com uma característica toda particular. A garra e a determinação do nativo da região pesqueira no sul joinvilense também está incorporada ao time de futebol. No ano passado, quando o time foi formado a menos de duas semanas do início do campeonato, a garra e a determinação foram imprescindíveis para o Morro do Amaral chegar às semifinais. Nesta temporada, quando havia a ameaça de perder patrocínios e as principais peças do elenco, o presidente Dejalma Borba e seu genro Joel Soares repetiram a dose e o Morro está entre os classificados para os quadrangulares, mostrando que acima desse profissionalismo que ronda os campos da Primeirona, o time caseiro e de amigos é verdadeiramente de guerreiros e de muita competência técnica. Um exemplo para os grandes projetos dos times da cidade.
Área técnica ou de reclamações
No meu tempo de garoto lá no Glória, via os treinos que João Kalef e, depois, Lineu Fernandes comandavam nos finais das tardes de terças e quintas-feiras. Nos jogos dos finais de semana, os treinadores ficavam quase escondidos, ou era literalmente esquecidos, pois cada um dos 11 ocupantes das camisas de titulares sabiam o que deveriam fazer. Na atualidade, banco à beira do campo ficou para os reservas e os treinadores passam o jogo inteiro em pé na “área técnica”. No futebol de Joinville, esta área não é apenas para técnico e também pode ser ocupada pelos seus auxiliares. E o que fazem os árbitros por esta dupla ocupação. Nada. Absolutamente nada e ainda ficam dando explicações para faltas não marcadas. E onde está o departamento técnico da LJF para colocar ordem nesta bagunça.
Segue o jogo
Até a próxima, desde que não fique ainda mais decepcionado com esta gerigonça que passou a ser o nosso futebol amador de Joinville. Pedir para o poder público dar verba para os clubes até que é tolerável, mas que os times tenham mais cuidado como tratam esta engrenagem.
A arbitragem do futebol amador não é péssima, é horrível meu amigo, mas ela erra para ambos, falta capacitação