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Guantanamera será hino da Cuba Libre em breve

Foto do escritor: Luiz Veríssimo Luiz Veríssimo

Divulgação: Ilustrativa


Há muito tempo não me emocionava com uma música. Nenhuma relacionada ao tempo te paixão de adolescente. É uma das músicas mais cubanas da história de um país que foi colonizado e fez parte do império espanhol até 1903. Com a guerra espano-americana passou a ser protetorado americano. Depois, sob a ditadura de Batista e desde 1959 a ditadura castrista. Um povo que só conheceu liberdade e prosperidade no exílio na Flórida, mas jamais esqueceu “su tierra”.

Sábado à noite fui procurar algo no YouTube e lá estava o título desta música. Uma gravação feita com músicos cubanos residentes em vários países, que executavam ou cantavavam. Depois tudo mixado numa só trilha. Emocionante para que conhece os cubanos da Flórida e os que ficaram aprisionados em seu próprio país.

Conheci Cuba na época de maior segurança econômica. Os rublos vindos da Rússia serviam de escudo do isolamento imposto pelos Estados Unidos. Brasileiros só podiam entrar no país como turistas embarcados pelos Tupolev da Cubana de Aviacion no México ou outros poucos países que mantinham relações diplomáticas com Cuba. O Brasil não.

Foram sete dias em que conhecemos a Cuba dos cubanos. Eu e o companheiro de viagem na época Antônio Neves. César foi um amigo que conhecemos e nos serviu de guia. Fomos a restaurante (Vasco da Gama) onde os cubanos tinham que pagar em pesos e os turistas em dólar. Como era muito mais barato pagar a conta em pesos César pagava. Tínhamos que falar baixinho para não sermos reconhecidos como turistas. Fomos a uma boate onde só entrava cubanos e novamente calados para não sermos identificados. Se o fôssemos seriamos convidados a sair na hora, já que o local (como alertava uma placa lá fora) é exclusivo para cubanos.

Um dia César entrou no lobby do Hotel Rivieira com o tabloide “Juventude Comunista” em baixo do braço. “Tu mete o pau no regime e anda com isso”, questionei. “Para fazer média com os porteiros!”. Testemunhamos as aventuras de um amigo da Letônia, morador da Venezuela, que se interessava por “ticas”. Adolescentes se prostituem por “regalos” nas “tiendas” só para turistas. O cubano não pode comprar nada em dólar. Os turistas compram biquínis, blusas e maquiagem e presenteiam em troca de sexo. Não no seu hotel porque cubanos não podem entrar no elevador. Proibidos. Existem motéis clandestinos para o sexo. Muitas casas particulares permitem a entrada do casal também em troca de “regalos”.

Conhecemos uma Cuba que não é só a Praça Copelia e seu famoso sorvete; ou a praia de Varadero e suas águas azuis. Conheci a Cuba dos cubanos, um povo prisioneiro em seu próprio país. Cubanos só saem e voltam se for atleta ou militar. Se não voltar sua família é punida. Por isso é que todos voltam após a Olimpíada, por exemplo.

Durante anos fui ouvinte de um programa de debates em uma emissora de cubanos (Rádio Mambi) com sede em Miami, onde a comunidade de cubana é muito influente. Miami e as cidades vizinhas são a Cuba da liberdade e da riqueza. Até comerciantes judeus falam fluentemente o espanhol. Almoçava e deitava no quarto para ouvir o programa voltado aos cubanos nativos e exilados. Já fui duas vezes ao maior festival de Miami chamado “Calle 8”, uma das principais de “Little Havana”. Ainda quero ver a derrubada desta ditadura em Cuba para o país voltar a ser dos cubanos. Não de uma minoria. Fidel Castro foi um dos homens mais ricos do mundo graças a sua colaboração com o tráfico de cocaína. Guantanamera ainda será um hino da “Cuba Libre”.

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