Disrupção: Tudo com Raphael Rocha Lopes
Mesmo sabendo o que viria pela frente o susto era inevitável
“♫ Como é que você não percebe/ Que as pessoas estão rindo de você?/ Por que você não compreende/ Que a sua vida não é igual a da TV?” (Casmurro, Trem Fantasma).
Que as fake news se transformaram numa pandemia, ninguém tem dúvida. Os antigos boatos ou fofocas ganharam força e robustez, com novas roupagens, na internet. E a internet, todos também sabem, alcança lugares e quantidades de pessoas nunca imaginados.
As eleições, por sua vez, são um prato cheio para os disseminadores de mentiras, “meias verdades”, distorções e descontextualizações, especialmente aproveitando-se dos cegos com seus políticos de estimação (da esquerda, do centrão, da direita e do todo mundo junto), das tiazinhas do WhatsApp e dos incautos supostamente bem-intencionados.
O inimigo do meu inimigo é meu amigo
Já comentei em diversos textos que as pessoas parecem estar cada vez com mais preguiça de pensar, refletir e discernir. Ouvi (ou li) de amigos, parentes e conhecidos, mais de uma vez (bem mais), que passou certa informação falsa adiante porque simpatizou com ela, ou porque era a favor de seu político de estimação ou era contra o adversário do seu político de estimação.
É infantil, é bizarro, é incompreensível para pessoas que se consideram inteligentes ou cultas, mas é verdade, infelizmente! E é o que explica o estado que anda a nossa política nos últimos tempos.
Eleições do trem fantasma
Quem lembra do trem fantasma dos parques de diversões? Surpresas e sustos que todos levavam mesmo sabendo previamente que esta era a tônica do brinquedo.
As próximas eleições no Brasil têm tudo para se tornar um trem fantasma: sabemos que vêm coisas monstruosas por aí, mas levaremos sustos de vez em quando e seremos surpreendidos muitas vezes.
E o show de horrores chegou a tal grau que pessoas de bem ficam indignadas quando acontecem condenações ou medidas contra divulgadores de mentiras, assassinos de honras ou ameaçadores de vidas alheias de plantão.
O pior está por vir – e já mostrou sua cara: as deep fakes, as fake news com tecnologia suficiente para fazer o interlocutor acreditar que o que vê e ouve realmente aconteceu. As deep fakes são montagens de nível profissional que farão muita gente acreditar em discursos de pessoas que nunca falaram o que será mostrado.
E, na esteira do mesmo raciocínio das fake news, muita gente vai passar adiante vídeos falsos sabendo que são falsos, e muita gente vai passar adiante acreditando que são verdadeiros. Por isso, na dúvida, fica a regra de sempre: nunca passe o que não puder ou quiser conferir.
É uma questão de bom senso, de respeito, de honradez e de valores. Aquele velho adágio “não faça com os outros o que não quer que façam contigo” também serve para a internet e para as mensagens de WhatsApp ou Telegram. Agora, se você perdeu o bom senso, o respeito próprio e aos outros, a honra e seus valores, é possível que continue repassando o que não sabe se é verdade, esquecendo que sua vida não é igual a da TV nesse trem fantasma das próximas eleições...
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