Aragão e os caçadores de likes
- Enio Alexandre
- 1 de jun. de 2024
- 2 min de leitura
Tome Nota com Enio Alexandre

A Câmara de Vereadores de Joinville viu-se novamente em meio a uma turbulência política esta semana. O episódio que trouxe o vereador Cláudio Aragão (MDB) ao centro das atenções foi, para dizer o mínimo, digno de uma tragicomédia moderna. Dois jovens membros do Movimento Brasil Livre (MBL) decidiram confrontar Aragão com uma pergunta que parece ter saído de um roteiro mal escrito: “Quem é o rei da lajota?”.
A abordagem, conduzida por um pré-candidato a vereador de Joinville e outro aspirante ao cargo do Rio Grande do Norte, foi tão súbita e agressiva quanto um soco no escuro. Não se tratava de um pedido genuíno por esclarecimentos sobre a investigação do Ministério Público acerca da pavimentação comunitária, mas sim de uma tentativa gritante de constranger e desestabilizar o parlamentar. Afinal, em tempos de redes sociais, um celular se transforma facilmente em um estúdio de televisão portátil, onde cada clique é um espetáculo e cada curtida, uma vitória.
Os dois jovens não estavam interessados em um diálogo civilizado. O objetivo não era esclarecer ou buscar a verdade, mas sim colecionar likes, compartilhamentos e visualizações. Em sua caçada por popularidade, esqueceram que um réu é inocente até que se prove o contrário. A presunção de inocência é um pilar do nosso sistema jurídico, e atropelá-la em nome de um espetáculo digital é não apenas injusto, mas profundamente lamentável.
A Câmara Municipal de Joinville, em uma nota oficial, expressou a intenção de tomar medidas contra esse tipo de abordagem. Porém, num mundo onde qualquer um pode transmitir ao vivo com um simples apertar de botão, controlar essas ações é um desafio enorme. Estamos vivendo uma era em que a busca por justiça muitas vezes se confunde com a busca por aprovação digital.
A verdadeira preocupação aqui deve ser o impacto desse comportamento sobre a democracia e a justiça. Atos como esse não esclarecem nada, não educam e certamente não contribuem para um debate público saudável. Ao contrário, fomentam um ambiente de hostilidade e desinformação.
Para os jovens caçadores de likes e todos aqueles que confundem a arena política com um palco de reality show, vale lembrar: a ética e o respeito são fundamentais para qualquer sociedade que se preze. É fácil esquecer que, por trás de cada "curtida" e "compartilhamento", existem pessoas reais cujas vidas e reputações estão em jogo. Buscar justiça e transparência é necessário, mas deve-se fazer isso com responsabilidade e decência.
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