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Foto do escritorDr. Raphael Lopes

A novidade

Disrupção: Tudo com Raphael Rocha Lopes




“♫ E a novidade que seria um sonho/ O milagre risonho da sereia/ Virava um pesadelo tão medonho/ Ali naquela praia, ali na areia” (A novidade; Os Paralamas do Sucesso)


Todos os dias a internet e os noticiários nos trazem novidades. Cada vez com mais frequência, cada vez mais intensas. Na realidade, muita gente tem deixado de se informar pelos meios tradicionais, como jornais e revistas, programas de rádio e jornais de televisão, para acreditar piamente nas mensagens de WhatsApp e nos perfis duvidosos de Facebook (especialmente quando compartilhados por pessoas do seu círculo de amizade ou parentesco). E tem dado no que temos visto. Muito além da política, pessoas de todas as idades correndo risco de vida por conta das bobagens repostadas.


A novidade vem dando nos mares da internet, mas não mais com a qualidade rara de sereia, e, sim, com uma frequência constante nunca vista.


O paradoxo


É chover no molhado falar que a tecnologia veio para facilitar nossa vida e, principalmente, nos dar mais tempo e que, porém, não é o que se tem visto. Se os navios, automóveis e aviões encurtaram as distâncias, dando-nos, realmente, mais tempo, a internet e os smartphones caminharam em direção oposta.


Se antes as pessoas, em seus contatos profissionais (ou pessoais), aguardavam o retorno de uma carta ou de um telefonema, ou mesmo de um e-mail em tempos mais recentes, hoje uma mensagem de aplicativo de comunicação não respondida quase imediatamente soa como uma afronta ou desrespeito, quando, em verdade, em regra, não é nada disso. Até os intervalos publicitários causam ansiedade em alguns, apesar de perderem horas procurando o filme que querem assistir.


As pessoas estão tão alucinadas por tudo ao mesmo tempo agora que dá a impressão (impressão?) que não raciocinam mais, que não refletem, que não pensam, que só absorvem tudo zumbiticamente, sem aprender nada. E com pressa! Um certo paradoxo dos algoritmos.


Tudo é tão desigual


De um lado carnaval, de outro fome total. Não era para ser assim, mas o que se percebe é o aumento da diferença, ou do abismo de classes, nas palavras de Harari, decorrente da evolução rápida da tecnologia. Os ricos ficarão mais ricos e os pobres mais pobres. Os ricos terão acesso às mordomias e benefícios do avanço tecnológico e os pobres... bem, os pobres...


Parece-me um ciclo insustentável, pois ainda que os robôs e máquinas e inteligências artificiais possam resolver praticamente tudo, alguém precisa sustentar financeiramente todos esses processos. E sabemos como funcionam os caminhos do dinheiro (ainda que virtual).


O futuro já chegou e não me parece cedo para pensarmos coletivamente (e não deixarmos nas mãos e mentes de alguns poucos) sobre esses assuntos. Sob pena de a ficção virar realidade muito antes do que previsto nos filmes.


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