Tome Nota com Enio Alexandre
Júri condenou Evanio Prestini pelo acidente que matou Suelen Hedler da Silveira e Amanda Grabner Zimmermann
Em um país marcado pelo contraste entre suas belezas naturais e as tragédias cotidianas, os números não mentem: a cada hora, 9 brasileiros são internados e 1 perde sua vida devido a acidentes de trânsito causados pelo álcool. Essas estatísticas arrepiantes, reveladas pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa) em 2021, são apenas a ponta de um iceberg de dor e perdas.
No Brasil, a imprudência regada a álcool nas estradas e ruas transforma vidas em estatísticas trágicas. E como não se indignar diante dos números que quase não conseguem capturar a dimensão real do problema? Os 76 mil hospitalizados e os 11 mil mortos são mais do que dados frios; são famílias despedaçadas, sonhos interrompidos e histórias que jamais serão completadas.
Recentemente, a justiça teve que intervir mais uma vez para tentar trazer justiça diante do inaceitável. Evanio Wylyan Prestini, condenado a oito anos, seis meses e 20 dias de prisão por um júri popular, é apenas um rosto visível do que há de mais trágico nesse cenário. Embriagado ao volante de um Jaguar, ele ceifou as vidas de Suelen Hedler da Silveira e Amanda Grabner Zimmermann, deixando uma marca de dor em suas famílias e na comunidade de Gaspar, no Vale do Itajaí.
O caso é uma dolorosa lembrança de como o álcool transforma o volante em uma arma letal. Não é apenas a Lei que precisa ser rígida; é a nossa consciência social que precisa despertar. A tolerância à imprudência no trânsito, seja por falta de fiscalização eficaz ou por complacência social, é um reflexo de uma cultura que ainda não aprendeu a valorizar cada vida como única e preciosa.
Não há mais espaço para naturalizar a irresponsabilidade que coloca vidas em risco. Não há mais margem para piadas ou desculpas que minimizem as consequências de decisões que terminam em tragédia. A existência de aplicativos de carona é uma alternativa simples para quem pretende beber. A educação, a fiscalização e a punição rigorosa devem caminhar juntas para proteger vidas.
Enquanto houver famílias destruídas e histórias interrompidas, enquanto houver lágrimas de saudade e indignação, o combate à embriaguez ao volante deve ser uma luta coletiva. Cada vida perdida é um lembrete de nossa responsabilidade como sociedade em construir um futuro onde a imprudência no trânsito não seja uma estatística inevitável, mas sim uma triste exceção.
Que a memória de Suelen, Amanda e de tantos outros que partiram prematuramente por culpa da imprudência de um motorista embriagado nos inspire a exigir mudanças reais. O Brasil precisa de estradas mais seguras, de leis mais rigorosas e de uma cultura onde o respeito à vida seja inegociável.
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